Ler ao som de: Bilhetinho Azul - Cazuza
Hoje eu acordei com sono, muito sono, sem vontade de acordar, pensei exatamente nessas frases antes de abrir meus olhos, e lembrei-me daquela música do Cazuza, isso me fez sorrir de leve, me aconcheguei na cama, tive vontade de ir pra Bahia, o despertador insistia em gritar.
Já passava das três, certamente, chuva típica, a cama estava vazia, sentia isso, o meu amor foi embora, tentava reconstruir a noite anterior, um bar na Augusta, três tekilas, quatro copos de whisky sem gelo, garrafas de vinho quebradas, falar alto, muito alto, beijar a boca com tesão, fazer sexo dentro daquele banheiro sujo, ouvir o dono do bar me xingando dos nomes mais chulos, a gente saiu rindo, gargalhando, tropeçando nas mesas, andando abraçado, promessas vazias de amor, declamando poesias, nossa, lembro que comecei com Caeiro terminei com Camões.
Suspiro alto, não vou levantar, que beleza de noite, creio que cheguei em casa depois das seis, não me lembro qual foi minha última refeição, discuti com o porteiro, me olhou feio destilando preconceito, mandei ele pra puta que pariu, depois me senti patético, subi de escada, a merda do elevador estava quebrada, me arrastei nos degraus, queria mais um copo de whisky, machuquei o joelho, meu amor me colocou no chuveiro de roupa e tudo, puxei ele junto, caímos no chão, a água gelada cai sobre os nossos corpos, cortei o braço, tirei a calça, meu amor também, saímos de lá, jogamos nossas roupas molhadas e deitamos molhados.
Sinto um gosto de sexo na minha boca, sinto cheiro de sexo no meu quarto, mas não consigo me lembrar, percebo que minhas costas ardem um pouco, lembro de nós sentados no chão fumando, falando sobre o que mesmo? Heterônimos, pseudônimos, fiquei um bom tempo discursando de como era importante ter um desses, meu amor ria, ficou em silêncio por um tempo, depois de um trago me disse algo como: Tenho um pseudônimo, mas ele escreve só pra mim. Fiquei com uma espécie de inveja, porra, ele insistiu: Provavelmente se alguém fosse ler o que eu escrevo, escreveria diferente. Lembro bem dessa frase, fiquei intrigado, será que eu faço isso? Faço meus textos pensando no que vão achar ou pensar? Olhei sério, falei que se não pudesse expressar iria explodir, sim, usei essa palavra feia, explodir, lembrei-me de um amigo, o moço diz algo sobre compartilhar a maldição de seus escritos com os leitores, ah, não é bem isso, quando levantar ligo pra ele e pergunto, não posso esquecer.
Minha memória está um caos, acho que conversamos sobre amor, ah, metalinguagem, falar de nós mesmos, tanta subjetividade, detesto não conseguir me expressar, gesticulava com as mãos, que fracasso, tinha álcool correndo em minhas veias, não completava nem as palavras, mas minha mente borbulhava, meu amor ria, passava as mãos sobre meu rosto, isso, acho que transamos ali no chão, ou será uma memória criada? Nosso cérebro tem tantas dessas, sexo no chão gelado, lembro de me apoiar na cama, lembro? Ah, meus joelhos... acho então que não foi na escada...enfim...maço de cigarro acabou, falamos mais, muito mais, sobre prioridade e exclusividade, falei dos meus medos, ele me falou sobre máscaras, me questionou até que ponto meu pseudônimo é uma máscara, ou se sou eu a máscara do meu pseudônimo, pesado, me senti mal, mas foi bom, precisava ouvir isso de alguém.
Lembro do gosto da pele, gosto de beijar o pescoço, lamber, saborear, meu amor treme, abre um pouco a boca, me aperta forte, eu gosto muito, mas não sei, uma noite estranha, não brigamos, nunca brigamos, mas não me lembro o motivo dele ter ido embora, não sei que horas, isso me chateia um pouco, espero não ter falado nada demais, o cheiro de sexo está muito forte, mas lembro de uma vez só, no chão...Será que ligo? Não, melhor não. Acabou o cigarro, acho que o pó de café também, isso, será que ele foi comprar ali na padaria? Gostaria muito, queria meu amor aqui, aquele cheiro de café...
Ah...falamos sobre ser piegas, clichê, romântico, casar, meu pessimismo, ceticismo, mania de fazer da vida um conto e da briga uma cena de Nelson Rodrigues, filmes franceses, nem vi tanto filme assim, nem li tantos livros assim, será que os finais felizes saíram de moda? Pensei nisso ontem, será que ele está chegando? Acho que vou escrever esse fluxo de pensamentos, preciso de um final, provavelmente meu amor estaria com outra pessoa, seguindo a tradição dos bons costumes católicos, em um almoço com muitas pessoas, filhos, mãe, cachorro, não comigo, nesse apartamento fodido, que nem pó de café tem. Mas esse seria, talvez, o final do meu conto.
Eu quero é ser feliz, acho que nasci pra isso apesar de tudo. Ah, que gostoso...o barulho da chave, a porta abrindo, maço de cigarro, pó de café e ate pão. Daqui a pouco vem aquele cheiro...qual deles?
Já passava das três, certamente, chuva típica, a cama estava vazia, sentia isso, o meu amor foi embora, tentava reconstruir a noite anterior, um bar na Augusta, três tekilas, quatro copos de whisky sem gelo, garrafas de vinho quebradas, falar alto, muito alto, beijar a boca com tesão, fazer sexo dentro daquele banheiro sujo, ouvir o dono do bar me xingando dos nomes mais chulos, a gente saiu rindo, gargalhando, tropeçando nas mesas, andando abraçado, promessas vazias de amor, declamando poesias, nossa, lembro que comecei com Caeiro terminei com Camões.
Suspiro alto, não vou levantar, que beleza de noite, creio que cheguei em casa depois das seis, não me lembro qual foi minha última refeição, discuti com o porteiro, me olhou feio destilando preconceito, mandei ele pra puta que pariu, depois me senti patético, subi de escada, a merda do elevador estava quebrada, me arrastei nos degraus, queria mais um copo de whisky, machuquei o joelho, meu amor me colocou no chuveiro de roupa e tudo, puxei ele junto, caímos no chão, a água gelada cai sobre os nossos corpos, cortei o braço, tirei a calça, meu amor também, saímos de lá, jogamos nossas roupas molhadas e deitamos molhados.
Sinto um gosto de sexo na minha boca, sinto cheiro de sexo no meu quarto, mas não consigo me lembrar, percebo que minhas costas ardem um pouco, lembro de nós sentados no chão fumando, falando sobre o que mesmo? Heterônimos, pseudônimos, fiquei um bom tempo discursando de como era importante ter um desses, meu amor ria, ficou em silêncio por um tempo, depois de um trago me disse algo como: Tenho um pseudônimo, mas ele escreve só pra mim. Fiquei com uma espécie de inveja, porra, ele insistiu: Provavelmente se alguém fosse ler o que eu escrevo, escreveria diferente. Lembro bem dessa frase, fiquei intrigado, será que eu faço isso? Faço meus textos pensando no que vão achar ou pensar? Olhei sério, falei que se não pudesse expressar iria explodir, sim, usei essa palavra feia, explodir, lembrei-me de um amigo, o moço diz algo sobre compartilhar a maldição de seus escritos com os leitores, ah, não é bem isso, quando levantar ligo pra ele e pergunto, não posso esquecer.
Minha memória está um caos, acho que conversamos sobre amor, ah, metalinguagem, falar de nós mesmos, tanta subjetividade, detesto não conseguir me expressar, gesticulava com as mãos, que fracasso, tinha álcool correndo em minhas veias, não completava nem as palavras, mas minha mente borbulhava, meu amor ria, passava as mãos sobre meu rosto, isso, acho que transamos ali no chão, ou será uma memória criada? Nosso cérebro tem tantas dessas, sexo no chão gelado, lembro de me apoiar na cama, lembro? Ah, meus joelhos... acho então que não foi na escada...enfim...maço de cigarro acabou, falamos mais, muito mais, sobre prioridade e exclusividade, falei dos meus medos, ele me falou sobre máscaras, me questionou até que ponto meu pseudônimo é uma máscara, ou se sou eu a máscara do meu pseudônimo, pesado, me senti mal, mas foi bom, precisava ouvir isso de alguém.
Lembro do gosto da pele, gosto de beijar o pescoço, lamber, saborear, meu amor treme, abre um pouco a boca, me aperta forte, eu gosto muito, mas não sei, uma noite estranha, não brigamos, nunca brigamos, mas não me lembro o motivo dele ter ido embora, não sei que horas, isso me chateia um pouco, espero não ter falado nada demais, o cheiro de sexo está muito forte, mas lembro de uma vez só, no chão...Será que ligo? Não, melhor não. Acabou o cigarro, acho que o pó de café também, isso, será que ele foi comprar ali na padaria? Gostaria muito, queria meu amor aqui, aquele cheiro de café...
Ah...falamos sobre ser piegas, clichê, romântico, casar, meu pessimismo, ceticismo, mania de fazer da vida um conto e da briga uma cena de Nelson Rodrigues, filmes franceses, nem vi tanto filme assim, nem li tantos livros assim, será que os finais felizes saíram de moda? Pensei nisso ontem, será que ele está chegando? Acho que vou escrever esse fluxo de pensamentos, preciso de um final, provavelmente meu amor estaria com outra pessoa, seguindo a tradição dos bons costumes católicos, em um almoço com muitas pessoas, filhos, mãe, cachorro, não comigo, nesse apartamento fodido, que nem pó de café tem. Mas esse seria, talvez, o final do meu conto.
Eu quero é ser feliz, acho que nasci pra isso apesar de tudo. Ah, que gostoso...o barulho da chave, a porta abrindo, maço de cigarro, pó de café e ate pão. Daqui a pouco vem aquele cheiro...qual deles?
Ana T.
ainda penso no título. [antes estava como Sem Café, até que um comentário de um anônimo me deu essa idéia, obrigada stranger. besos. ]
boa noite, bom dia.
câmbio/desligo.