sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

con.tra.di.ção


O que seria de nós sem as fotografias?
Quem garante que a lembrança é algo tão confiável assim, olhe para Bentinho, será que a nostalgia dele é como seu temperamento?Instável, cheio de falhas.
Nossa memória adora ser inventada, existe sempre uma apimentada em uma história para deixar aquela cena mais bela, digna de uma tela de cinema.
E no caso deles? O olhar é tão cúmplice, é tão real, me diz quem iria ter coragem de negar tal lembrança? É assim, intensa e serena como a paisagem, misturada com um toque impressionista que tira o foco como nos sonhos.
Mas é real, eu digo, eu vejo, não sei se eles sentem, mas está ali:escancarado. Ambos estáticos, refletindo no vazio, ironia vindo de personagens como eles, talvez sejam apenas luzes, talvez a lembrança seja assim, nunca exata como uma fotografia tirada pelos nossos olhos, que nos mostram inteiros, intactos, mas como aquela que não nos mostra e sim uma imagem refletida de luz, não somos nós.
Lembrança é o reflexo da nossa nostalgia, não são os mesmos personagens, parece que eles estão lá no mundo das idéias.
Contraditório, assim parece que eles não são reais.
Eu olho procurando a outra face, eles e não seus respectivos reflexos, é como se faltasse uma parte da minha lembrança, deve estar ali...em outro paralelo.
Mas não importa, eles existiram sim, está ali escrito nos olhares, ainda sinto aquele olhar, destilando palavras perdidas. Que nunca foram ditas, ora.
É real, mas não seria...se não estivesse ali, afinal.
Quem não duvidaria de tanta beleza afinal?
Ah...sobre a foto?
está lá...entre meus delírios e medos insanos
Entre minha indecisão. Que sempre teve uma boa parcela de culpa na história.
E desde quando não era para ter?
Ana T.

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