quinta-feira, 10 de novembro de 2011

mel, cigarro e contradição

Oi amor, trouxe as margaridas? Se apaixonou por alguém hoje? No metrô, na Paulista ou no elevador? Se apaixonou por uma desconhecida, por um sorriso, pele ou textura? Talvez tenha se apaixonado por uma velha amiga. Mas tudo bem, não existe problema, somos livres, nosso amor não é possessivo, mas te peço quase em silêncio, que não se apaixone por histórias, não fantasie delírios cheios de vontade com a moça bonita da locadora.
Não dissimule comigo, não sonhe seu futuro com a dona daqueles olhos verdes. Me queira com a nossa contradição. Não beije minha boca pelo hábito de beijá-la, quando faço isso não sinto gosto, quero estilhaçar os vidros, desligue o celular, não olhe para o lado destilando tédio, vá embora, vá para onde teu tesão te grita, mas não fique comigo, sentado no sofá nessa tarde ensolarada de uma quarta-feira de cinzas, não fique aqui comigo, enxergo nos teus olhos que não quer estar aqui, será que não entende que para estar é necessário que existia plenitude? Caso isso não ocorra, os olhares ficam assim...estáticos, o beijo falta saliva, a pele não sente a textura. Não, meu amor, não, eu não te culpo por se apaixonar pela dona do sorriso desconcertante, não quero falar em culpas, não quero, não quero. Eu só quero correr e parar de sentir tanto calor, correr no ar fresco, me refrescar, entende? Amor, eu quero que você vá embora, como dizia o samba, "eu preciso aprender a só ser..." enxergo tantas coisas nisso...enxergo tantas coisas em tudo. Não consigo mais escrever, não sei mais pintar, sinto todos os traços presos a mim, todas as cores e tintas, aquarelas e pincéis, sinto sinto....respiro enfim.
Meu amor, eu só quero dormir, acordar com você fumando teu cigarro e beijando meus olhos, ouvir Clube da Esquina na vitrola, ouvir os baianos fazendo zumzum, passar a tarde na cama, contando e confabulando nosso futuro, que vamos confabular com tantos outros e outras e com nós mesmos e sem ninguém e com a ausência gritando lá fora ou aqui dentro. Meu amor, me perdoe por ser assim, cética em excesso, você não quer acreditar....olhe esse temporal...talvez eu seja mesmo exagerada. Talvez.
Um beijo, mel e um cigarro.

4 comentários:

Brisa disse...

Pesado
e leve.
"eu sempre enxergo tantas coisas", é bem isso. talvez não haja nada no fim das contas.

um beijo presente Ana,
da Brisa.

diri disse...

que bonito. para ser lido num banco de parque, com buzinas, burburinho, passos e pombos.
li enquanto caía um aguaceiro. mas queria ter lido no banco do parque.

Unknown disse...

concordo João, mas sem os pombos!

beijos e saudade.
daquelas.

beijos e muito amor.


Brisa...hoje falando com o vento, acho que percebi que para nós, nunca é "só"...mas sempre É!

Senhor F disse...

Foi sem dúvida alguma o melhor texto que você já escreveu.