contágio
nos contagiar
com o sangue que habita
a lâmina afiada (sem qualquer afinação)
contaminar a nós, que já somos tão contaminados
espalhar a nossa angustia, o nosso amargo - o que em nós queima - o que nos tortura
sentir o sangue denso - correndo pelas veias entupidas. tentando correr - mas não consegue. denso e lento.
arde
e nós, transbordando o peso
tentamos
usar das palavras, dos gestos
para destruir
o silêncio que sufoca
e desde quando formar sílabas
em formas de som
alteram a ausência do meu tesão?
penso
canso
enjoo do movimento
deito na cama e tento dormir
o gosto amargo continua
em meus travesseiros
colchas
vivo entre lugares, uma espécie de
limbo quente, emaranhado de tédio
e passividade
nem puta
nem santa
nem viciada
nem sóbria
percorro
recorro aos deuses
com os olhos entreabertos
o gosto amargo é contínuo
o cheiro doce me enjoa
o desespero não cessa
a ternura não finda
tropeço
mordisco a última pele
e adormeço.
Um comentário:
é sempre tão delicioso!
Postar um comentário