terça-feira, 9 de julho de 2013

sorrateiros

Antes eu sempre falava, anunciava mil promessas, que iria, enfim, parar. Que estava enojada de tudo o que escorria de meus dedos, das palavras e consoantes repetitivas.                                                                

Gritava sem parar, declamava as mais distintas saídas de emergência,

                                                 mas todos os dias, algo entornava, quebrava, puro estilhaço,  

vidro maçante no branco da folha
                                                    no preto da letra.

Hoje, o tom é outro, o silêncio ecoa o vazio das promessas, o ritmo destoa quente.                                     Não escuto mais o estalar dos dedos pelas madrugadas frias.

Falamos das mesmas coisas, mas você escolhe nomes tão diferentes.

- eis o problema do mundo! dizia ela, rindo.
Ele a olhou por cima, lábios finos, terno preto - fosse só nomenclatura, um bom lingüista dava cabo em todo esse aborrecimento!

e os dois trataram de voltar a escolher feijões para a sopa