terça-feira, 13 de novembro de 2012

anotações de um café frio


um tá casando, indo morar na bahia, morar com a garota, abandou o gato, a casa de madeira, tudo, e foi pra lá estudar arte, morar com ela, dividir a vida, o outro esqueceu do que quer, vive triste, adoentado, vive enclausurado, isso é o que ele conta, eu não acredito não, acreditava até uns segundos atrás,  mas agora, quem sabe eu não acorde..eu disse não acorde? é bem isso mesmo. a outra vai casar na igreja, decidiu ser pastora. luiza virou evangélica, fiquei de luto por uns dias, mas depois decidir voltar a usar cores no corpo. não leio mais, nunca li, nem escrever, escrevo, sinto vontade, e logo em seguida passa, por preguiça ou qualquer coisa parecida. tomo meu café fro, e não fumo mais cigarros. até faço exercícios. mas continuo com o mesmo peso. ando fria, cética, e ao mesmo tempo choro por qualquer coisa, sinto algumas vontades caretas, é ausência de tesão. é ausência de tesão por alguém. não aguento mais esse papo, deve ser por isso que parei de escrever, as palavras são ensossas, mornas e escorrem. enfim, falar com você sempre afeta, afeta a pele. detesto finais, adoro as reticências, vá embora e não me mande um postal, talvez te encontre perdido em alguma rodoviária desse brasil..brasil com minúsculo sim...ou talvez não. talvez eu fique aqui nessa cidade que sufoca, mas já não sei viver fora desta massa amorfa acinzentada. olha, estou falando demais para variar..e você sempre em silêncio, eu sempre pensava: por que ele nao fala? por que? talvez eu não te deixasse falar. mas por que voce nao gritou? olhe, deixa que eu pago o café. boa viagem. siga sem dores. procure um médico para cuidar desse estômago. plantas medicinais não servem. bons caminhos...que teu corpo queime em brasa. sempre esse impasse. nunca me entrego. é tua voz que ecoa e não cala. é tua sangue barato teu vinho barato. quebrei a garrafa, cortei o corpo. é sempre assim. não te deixo ir. não vou. respiro mais uma vez, e digo. - vou continuar. só não sei pra onde.
um grande beijo. da tua Ana. T.

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