Se você pedisse para eu fugir contigo não hesitaria por nem um segundo, poderíamos ir para uma rodoviária qualquer e escolher uma qualquer cidade, sem grandes planos e discussões sobre o próximo passo.
Me empresta a sua camiseta que eu escrevo nas tuas páginas em branco, a gente consegue uma calçada e um vinho e podemos ficar um tempo assim, sentados no chão delirando sobre as estrelas inexistentes e declamando poemas sem som.
Sorri para mim com aquele teu jeito histérico e cobre os lábios com as mãos, como de praxe, depois me fala sobre o teu platônico e teus anseios, eu escuto cada descrição, cada palavra e cada frase, elas tomam a minha mente e em segundos e eu já me sinto uma personagem em tuas histórias.
Eu queria ser um conto seu, cheia de melindro e perfume, agora a gente fecha os olhos e descansa um pouco, pode deitar no meu colo, logo eu perco os meus sentidos devido ao ilícito e não só por ele.
Depois eu acordo no seu colo e não entendo mais nada, o dia é nublado e eu gosto disso, existe uma fresta de sol que tenta insistentemente ultrapassar algumas nuvens, você coloca teu casaco sobre os meus olhos e eu esboço um sorriso.
Agora percebo que nós dois estamos deitados em uma grama macia, eu no seu ombro e você me olha e ri, a mente lembra-se do vinho e os olhos derramam algumas lágrimas sinceras, o sol agora existe e é real, me queima a face, mas eu não quero sair dali.
O diálogo é sempre imprevisível, nunca sei bem qual vai ser o caminho, quando me deparo já estamos na caverna de Platão, no mito de Narciso, andamos sem pressa e falamos de vícios, futilidades da estética alheia e a própria, questionamos sobre o cotidiano banal de nossas vidas e caímos na promiscuidade com risadas que rosam meu rosto.
Te descrevo e descrevo o que me encanta no alheio, nos sorrisos e olhares aleatórios que fazem com que minhas noites virem sinônimo de insônia, você ri mais uma vez, se espanta com minhas conclusões e discorda, eu te dou um beijo estalado no rosto e teu sorriso me faz serena.
E tuas mãos fugitivas seguram a minha eternizando o espreguiçar sem pressa de uma amizade eterna que dura frações de segundo, eternamente, eterna mente a nossa que ao nos desconcertar é éter na mente e é ter na mente os nossos maiores devaneios e delírios.
Comentários atípicos sobre o texto:
O último parágrafo se inspira em um poema que brinca com as palavras e frases: eternamente, eterna mente, éter na mente, é ter na mente.
Porém eu realmente não lembro o nome do autor, tentei achar na internet mas são inúmeros os poemas em que isso ocorre.
E o meu texto é totalmente inspirado no filme: Antes do Amanhecer de Richard Linklater. Sublime por si só, não? O filme, claro!
é isso pessoas, câmbio e desligo.
Ana T.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
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Um comentário:
A leveza das suas palavras me encanta.
Admiro demais seus textos, menina.
Admiro demais.
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