terça-feira, 5 de maio de 2009

Uma pitada de Schopenhauer.

A vida é insana demais.
É tudo tão cheio de melindro, coisas tão minuciosas que definem os teus próximos passos, seja um olhar alheio que muda totalmente as tuas ideologias ou quem sabe um simples desencontro por causa da chuva, o celular não funcionou, ela não teve como avisar, você ficou sentando em um banco pensando o que tinha ocorrido, tentava ligar, não tinha sucesso e a sua imaginação foi além da dor para fazer com que desistisse mais rápido, saísse dali correndo e não procurando mais notícias da pessoa que chegou após alguns minutos, extremamente encharcada.
Os laços são feitos e desfeitos tão rápidos, o arrepio, o toque, os beijos e os olhares duram frações de segundos, a sintonia que existia na essência durou o tempo necessário para se tornar eterna nas páginas de um livro branco, apenas de um livro, apenas na literatura, o real foi esquecido, nem as lembranças traduzem mais as sensações.
Somos acostumados com o pessimismo, “não existem amores que duram para sempre, a pessoa que você julga seu melhor amigo vai sumir pela vida, tendo um caminho diferente do seu e provavelmente vocês vão se encontrar em uma quarta-feira cinzenta e vai existir um sorriso mutuo e vai se restringir a isso, vão ficar nostálgicos por algum tempo e talvez vejam fotos do passado mas esse é o limite”.
A gente cresce ouvindo isso, os poemas destilam a tristeza, a expressão é feita do amor perdido, da nostalgia pela amizade ou mesmo por uma época.
E talvez por tanto não acreditar em nada, usamos do consolo da juventude para poder assim parecer sonhador, mesmo que por muitas vezes escutamos os mais velhos falando o quão impossível é o futuro que esperamos, e infelizmente para parecer um tanto racional temos que mostrar para eles que sabemos que o “certo” é realmente a palavra deles, que sim...concordamos com a negação do nossos próprios sonhos usando mais uma vez a idade como uma desculpa.
Não quero questionar a existência de contos de fadas, mundo utópico e amores eternos, quero saber o motivo de pararmos de acreditar neles, a razão pela qual temos que nos mostrar racionas quando não precisamos assim ser, ensaiar discursos para provar aos mais velhos que não somos seres idealizadores, se assim somos, se assim queremos ser.
É uma dupla personalidade triste, por um lado temos a paixão, a intensidade e a crença em nós mesmos, na concretude de nossos sonhos e por outros temos frases feitas para provar para os nossos pais que teremos um trabalho assalariado e não vamos perder tempo tentando mudar algo imutável.
Existem esses dois seres em um ser humanos, porém em um determinado momento a segunda face fala mais alto, eis que fazemos de nós o nosso discurso pronto, a nossa frase feita, a personalidade que fingíamos ser.
Descrente em tudo.

Raquel. [?????????]


Um comentário:

tiacuã disse...

adoro sua paixão. te desejo sempre paixão.