quarta-feira, 1 de junho de 2011

sonhos em flores astrais

Ler ao som de: Primavera nos Dentes - Secos & Molhados.

Me lembrei do meu primeiro beijo, terno, doce.
Flores astrais
Ela estava encostada na parede, seu vestido amarelo da cor de seus cachos, a face era clara, os olhos verdes inquietos escancaravam qualquer ternura, faceira com o riso escondido no canto do lábio
O cosmos, as cores mescladas pairando sobre o ar, flores astrais por toda parte se perdiam entre cachos e pele, a nudez não tinha vergonha de se arrepiar.
Segurar a primavera nos dentes, não deixar sair, ir embora, segurar com força e vontade, ele dizia qualquer coisa sobre isso, sorria e suas mãos dançavam, o corpo era esguio e os dedos finos e longos, sereno por essência, sexo e ternura se misturavam.
Os fios lisos&loiros caiam sobre olhos redondos, impedindo a visão detalhada, Theo não parecia dar importância. Ele a acalmava, um qualquer mistério, - promete que não deixa ninguém tirar tua alegria hoje? Seria tão clichê pra ela ouvir isso dos lábios de qualquer outro, mas não era, Ana sorria, e no decorrer do dia, quando estava prestes a levantar o tom de voz com alguém, lembrou da figura doce, do corpo esguio, da mente lúcida, e sorriu sabe-se lá o motivo ao certo, sentiu um abraço e um beijo nos olhos, um calor em forma de luz percorrendo as veias, o corpo, a mente, enfim respirava.
Ele mexia sempre em seus cabelos, ela passava as mãos sobre seu rosto, propiciando um riso doce, o olhar abaixava, ora parava estático diante os olhos dela, - não entendo porque sorri tanto pra mim. Nem ele entendia, mas sorria, sempre.
Não tinha uma subjetividade nos toques, uma vontade enlatada, era tudo declarado, existia carinho, doçura, era esse o segundo, quando ele passava a mão em seus cachos amarelos, só existia aquilo, a pele tocando na textura do cabelo, o antes, o depois, a vontade, a cama e o sexo, ficavam pra outra dimensão ou mesmo pra lugar nenhum, afinal, a plenitude estava naquela exata fração de segundo.
Puritanos? Não. Distraídos, insanos pelo segundo em que vivem.
Se gostavam tanto, se queriam tão bem.
Ana ainda permanecia encostada na parede, o cheiro de flor invadia o corpo e os pensares, ele apareceu como sempre leve, tragado pelo aroma da pele, das pétalas e a beijou, assim, suave, com gosto e saliva, mel, limão e girassol.
A pele com pele, cena tão bonita, tão gostosa, foi assim, quando olhei já estava acontecendo, eles não disseram nada, não esperaram nada, era um dia qualquer, uma primavera cheia de flores astrais, por toda parte, entre todos os cachos e paladares.


Um comentário:

du disse...

ana e secos e molhados combina tanto
ana
que coisa doce que coisa ana