segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
vinte e três
teu espaço já não me cabe não me vejo mais estilhaçada entre seus vinis eu quero mais do que essa parede ausente de mim eu quero mais! eu quero quebrar as paredes a vitrola quero o que escapa o que surta faz tremer o corpo! quero mastigar minha insegurança - engolir de uma vez o que não faz sentido - virar a dose dessa vontade de você, que só arranca meu sexo e minhas frações de tempo. chega! eu entendo. eu quero mais do que essa culpa careta. eu sei que já sustentei teu peso e desabei toda minha repulsa sobre você. e que é difícil rasgar a pele, mas sinto que você me segura, e eu te seguro, e quando recuou, a costura aperta. e você diz oi. dói. dói. dói. bom dia. vejo são paulo. estou seca. não quero esse grito que morre antes de transar. eu quero mais. eu quero outra pele. eu quero mais suor. maior gozo. eu fechei os olhos e estou descalça. vou sozinha. sem tons pastéis e sem a rainha elizabeth, que a propósito, se divertiu muito mais do que eu na tua cama.
e eu quero que se foda todos os meus achares e a atração cíclica e morna. já não tenho quinze anos, nem quero ter. eu quero mais do que esse sexo morno. chega de papai e mamãe. eu sei. eu sei. eu quero o excesso. a audácia do erro - da destruição. eu quero agora. chega.
vale dizer que escrevi esse texto nas partes em branco do livro Tempestade e Ímpeto, do escritor Furio Lonza. o qual me inspirou muito, assim como o poema chamado O outro, do marginal Chacal.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
anotações de um café frio
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
ele dizia
não havia a menor vontade
nem dele nem para com eles
os laços haviam se desfeito, enfim
chega
já não gostava mais dos risos
nem dos toques
a pele não transbordava mais nada
tempo de reclusão
ele pensou
estou tão cansado
pra vocês
mas ando cheio de vontade
pra mim
então
foi embora
e não escreveu nem ao menos
um bilhetinho
chega dessa história
sem endereço e sem cartão postal
quero mais é me esquecer
passar por essas ruas
e não sentir nada além
de repulsa
- cansei mesmo
todos enxergam
todos calados
esperando que ele vá embora logo
lembrou de mário de sá carneiro
"Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que protejo:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projeto."
gritou alto
e foi embora
sem insetos gordos
sem meios sorrisos
sem nada pela metade
ausente
enfim
-chega.
babaca
só pra tirar da boca
ela disse
- babaca
- você não está entendendo quase nada do que eu digo
- e nunca entendeu
- babaca
ela disse mais uma vez
e lembrou do livro "Vida Secas" de Graciliano Ramos, sabe-se lá pra quê por quê
- é chucro, não sente
só grita
nem isso
- babaca
e foi embora
cuspindo no chão
e sem olhar pra trás
pelo menos, dessa vez
sábado, 20 de outubro de 2012
sábado, 6 de outubro de 2012
café requentado
eu não aguento mais
eu já não suporto as culpas
os pensamentos tortuosos
os sonhos conturbados
não aguento mais a espera
nem a falta de ar
me pego sempre pensando naquele filme
que você não assistiu
eternal sunshine of the spotless mind
vejo aquelas cenas
e tenho vontade de fazer exatamente aquilo
apagar cada segundo
apagar parte me mim
matar
estilhaçar
pra não sentir mais nada
nem um fração sua no meu corpo
já não me lembro sua voz
nem o cheiro do teus cabelos
éramos tão lindos
sei que aqui destilo idealização
mas éramos lindos
com nossos cabelos ao sol
a luz
não sei mais como está seu quarto
a pequena pia
a escova de dente que você insistia em guardar em uma caixa de pasta
velha
já não sei como estão suas canecas
se você as quebra ou não
já deixamos claro um pro outro
que nos odiamos
profundamente
eu sei que você nega
eu também
mas sabemos que é isso
e isso me mata
hoje
acho que choro por isso
choro porque de algum modo não consigo te tirar de mim,
não consigo matar teu ódio
nem estilhaçar o meu
mas hoje morro principalmente
porque sei que o nosso ódio é mútuo
terça-feira, 2 de outubro de 2012
vinte e dois
era hoje
o dia
nada mudara desde seus vinte e oito anos
e finalmente era o dia
todos estavam feliz
a mesa repleta
ela ainda pensava nele
- aquele idiota
tantos anos sem trocar uma palavra
ele se quis presente
mesmo tão ausente
ele quis atormentá-la
afinal, ela merecia
palavras
afeto fingido
falso
da boca pra fora
ela não resistiu
apesar da leveza que escorria em tua pele (por pouco tempo)
mandou uma carta
com seus pulsos cortados
e algumas tripas
ele
percebendo que ela ainda o amava
que ela ainda pensava nele todos os dias de sua vidinha medíocre
respondeu sem medo
parabéns
parabéns
apenas isso
e mais nada
tudo o que você espera
de um grande amor
nem chorar
ela conseguiu
engoliu por fim
a última dose do amor medíocre
que lhe cortava
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
soneto para um amor medíocre
secou minha saliva
contraiu minhas veias
você foi embora
sufocou meu gemido
fez do meu gozo, vomito com gosto de café
cortou minhas unhas, desfez meus arranhões
você arrancou meu gosto
por mim e pelos (corpos) alheios
você fez da minha febre (alta)
mal-estar (de quinta)
calou meu grito, meu ecstasy, meu êxtase
percorreu minhas brechas tortuosas (cheias de tontura) e instaurou a REPULSA
que eclodiu em meu corpo brotando na pele em forma de NOJO
o meu resquício é um gosto azedo/amargo que escorre pelas extremidades
e não cessa
você foi embora / você não volta
terça-feira, 28 de agosto de 2012
lô borges
Numa asa cortada
Ou na página do livro amor
Na página que faltou
Na poeira de uma bomba
Será agora e saber.."
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Pra que rimar amor e dor?
sábado, 18 de agosto de 2012
Ela.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
antes das dez
sábado, 4 de agosto de 2012
frivolidades ensolaradas
às vezes eu ainda choro
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer
Ou quando quero
Quando quero
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, pra ser honesto,
Só um pouquinho infeliz..."
terça-feira, 3 de julho de 2012
tarde
essa tarde
ela estava bem
acordou com sono
mas é típico dela
demorou para arrumar os cabelos
mas de repente
olhou as janelas abertas
e acabou por chorar
pois é
talvez seja ainda mais difícil
esse sol
já passa das cinco
e aquele dia ainda estoura em minha mente
escuto
tropeço
respiro
imagino você com seu cigarro de palha
e suas poucas palavras
risadas
e qualquer coisa que não seja minha
qualquer dia
estilhaço
de uma vez
ainda me restrinjo as pequenas doses
de suicídios
cotidianos
segunda-feira, 2 de julho de 2012
à palo seco
acordei com dificuldade
abri as janelas e os armários
e joguei tudo fora
confesso
guardei algumas coisas (poucas)
mas já respiro melhor
quinta-feira, 28 de junho de 2012
dia vente e seis
eu te ligo e você me diz
que está jogando
coisas foras
imagino você jogando pedaços de mim
ei, nessa manhã
me jogue inteira
sexta-feira, 22 de junho de 2012
lua sem café com leite
quarta-feira, 16 de maio de 2012
reticências contaminadas
contágio
domingo, 13 de maio de 2012
música para um domingo frio
Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava
quinta-feira, 10 de maio de 2012
poeira e Caetano
terça-feira, 17 de abril de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
bichos
Os dois sentados na escada, ela fumava um cigarro, ele comentava o clima. O ônibus estava lotado, os olhos azuis do menino destoavam em meio a tanto cinza, ela lia Milan Kundera, e sorria para a criança de cabelos de anjo. Ele ouvia Tom Zé. Eles erravam as palavras, outros brigavam estáticos no trânsito, a moça reclamava das barbeiragens do marido. Luisa esfolava os joelhos pela segunda vez na semana. Chovia na Avenida São João. O garoto roia as unhas compulsivamente, Sabrina chorava escondida enquanto o namorado vendia seguros. Marcela e Carlos deitados na cama, ao som de qualquer vinil cortante, ela dormia, ele a observa incrédulo, - como podia ter passado tanto tempo? O estomago doía, os pensamentos desconexos, como sempre, como sempre. – Talvez dar um tempo. – Dorme dorme, meu pecado, minha culpa, minha salvação. Ele cantarolava Tom Zé. Eram dois bichos machucados, já não filhotes, perdidos e sem rumo, sangrando por ai. Dois bichos machucados, dois bichos zonzos dos mal tratos, cansados do caótico, do nojo e repulsa. Dois bichos machucados, dois bichos que se machucavam constantemente, um machucava o outro, o outro machucava um, abriam feridas, mordiam os arranhões, caiam no chão, rolavam, brincavam como dois filhotes, quase se matavam como dois adultos insuportáveis, pulavam e agora agonizavam na cama.
Dois bichos. Ana e Pedro. Dois bichos desesperados. Dois bichos (in)conformados. Cheirando um ao outro. Dois bichos viciados um no corpo do outro. Dois bichos que se mostravam ferozes quando um terceiro bicho se mostrava interessado. Bichos. Que sangram gritam mordem desesperados e agonizam em praça pública. Em silêncio e com toda discrição, querem manter as aparências. Afinal, são bichos. (?)
domingo, 11 de março de 2012
a waltz for a night
talvez
não precise de tanto
sou mesmo um pouco exagerada.
talvez, não precise de nada disso.
nada.
beijos cortantes
não. isto não é um trecho mesclado de culpas.
culpa. culta. culpa. de quem é a culpa? a culpa é de quem?
f0da-se
não tem culpado
existe por si só.
um beijo, bilhete, cheiro, caderno de química, qualquer coisa
some
mas fica.
e dói.
mas passa.
mas fica.
mas volta.
laço que se transforma em nó.
aperta. tortura, mas não mata.
agora rapaz
me faça um favor
esqueça a culpa,
por hora.
me da um abraço curto pra não sufocar
e cai fora de uma vez
pra não dar tempo
de te substituir